2 de dezembro de 2008

Uma história real Natalícia

A todos os meninos da escola da Cruz da Areia, mas sobretudo ao Guilherme, à Soledade e ao Pedro e porquê à professora Conceição Coelho?
Como estamos na época do Natal, lembrei-me de vos contar como o mesmo era passado e vivido por mim, na minha Aldeia (Travassô - Àgueda - Aveiro)
Então aí vai:

No dia de Natal - 25 de Dezembro - tinha pouco mais que vossa idade íamos à missa e em regra estreávamos roupas novas. A grande maioria dos meninos levavam ofertas ao Menino Jesus, que estava no presépio deitado, muito gordinho e rechonchudinho. Tinha os olhos muito bonitos e uma pernita arqueada. Era lindo.
O presépio tinha muito musgo muitos seixos e um lago de água muito pequenino, uma cabana com palha - onde dormia o menino, ovelhas, um burro e muitas outras figuras. Os nossos olhos ali se fixavam.
E então digam lá - em que consistiam as ofertas?
Eu digo: levavam ao menino muitas coisas..... mas as que me ficaram mais na ideia e das quais tenho muitas e muitas saudades eram os tabuleiros, muito asseados e com muitas iguarias....
Eu digo:Uns levavam "franguitos caseiros" assados no forno de lenha, um jarro de vinho e um pão alvo; outros um belíssimo pão-de-ló: uma maravilha!!!
Mais ainda: um com rojões, feitos na véspera, muito bem cheirosos, com vinho do tonel - o melhor.
E agora ? Havia mais. Um tabuleiro com fatias douradas - um mimo - um outro com pratos de letria artisticamente lavrados com canela - um gosto.... e por fim não faltava o dos milharacus, que até ao longe cheiravam!
É uma curiosidade da região que a professora São vos explica.
Estes são de comer e chorar por mais.
Tudo era oferecido ao menino.
E o que sucedia depois?
O senhor Prior saía do Altar e vinha com uma toalha adamascada tomar o menino nas suas mãos para dá-lo a beijar. Quando se dava o beijo, o Padre dizia "benita adoremos"...
Tantas vezes quantos os beijos..
Finda esta cerimónia, tudo vai para o Adro incluindo as ofertas, que vão ser leiloadas pelo sacristão, a quem der mais dinheiro. Aproveita-se este tempo - pequenos e crescidos - para desejarmos um Natal feliz e cumprimentarmo-nos. Um acto comunitário e de solidariedade... bonito não é?
O acto chega ao fim e regressamos a casa em pequenos grupos de familiares e amigos onde nos espera um almoço melhorado muito melhorado!!!!
Isto repetia-se no 1º dia do ano novo e também no dia de Reis.


João belo quinta

1 comentário:

Joana disse...

Que bela história de se ler Sr. João!
Para mim também são tradições e costumes que já não vivi...
Quanto aprendo convosco!!
beijinho