Outra vida começa, e outra imagem
O poeta descobre no seu rosto.
A cada novo olhar, nova paisagem,
A cada novo fruto, novo gosto.
Se outra porta infernal nos dá passagem,
Se é outro vinho, feito de outro mosto
O que nos embriaga de coragem,
Troquemos por sol-nado o que é sol posto!
Condição deste mundo é ser do mundo.
É ser do tempo, e ser no tempo fundo
Como um poço que rega na janela
O cravo roxo que perfuma o céu.
É ter nos braços novos a donzela
Filha doutra donzela que morreu.
Miguel Torga
27 de setembro de 2010
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