5 de dezembro de 2010

Soneto de MARIA VELEDA

SPLEEN

Há muito que não vivo! Atroz verdade!
Há muito que a minha alma soluçante
Anda longe de mim, perdida, errante,
Num infinito mar de tempestade!

Nem lágrimas já tenho, nem saudade
Do meu sonho de Amor já tão distante...
Não passo dum cadáver ambulante,
Um joguete na mão da Eternidade.

Tudo em mim são ruínas e é tristura,
- Vivo de não viver - sem fim, sem norte,
E só tenho uma esp'rança: a sepultura.

Ao céu mudo ergo os braços - mas em vão!
Deus não existe; só existe a Morte,
Que eu sinto a devorar-me o coração

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