20 de dezembro de 2007

Noite de Inverno










A Uma Criança

Que escuridão, que tristeza,
que noite, o vento a uivar!...
e sem pão tanta pobreza
e tantos tristes sem lar!


Quantos desses desgraçados
irão caminhando agora
com os membros regelados,
descalços, estrada fora!


Quantos, famintos, sòzinhos,
quase nus, a tiritar,
irão por esses caminhos
talvez - quem sabe? - a chorar!


Ai quantos! - miséria horrenda -
órfãos de pai e de mãe,
sem um braço que os defenda,
sem amparo de ninguém!


A chuva cai inclemente,
a noite é escura, sem Lua:
Quem socorre o indigente,
que passa triste na rua?


Se outra coisa não tiveres
que dar aos desgraçadinhos,
que bem farás, se lhe deres
consolações e carinhos!


(leituras da 4ª. classe (1933)

2 comentários:

Helena disse...

Olá zé Ricardo!
Lindo, lindo, lindo! A conjugação do poema com a menina, de laço côr de rosa, muito bonita a tapar os olhos porque não quer vêr tanta pobreza está um ESPANTO!
Parabéns pois é um poema lindo, sentimental e muito adequado a esta quadra fria de NATAL...
Só me apetece citar aquela frase que todos nós conhecemos:- " mas as crianças SENHOR, porque lhes dás tanta dôr!"
Um abraço!
lena m serrador

Anónimo disse...

Sr Zé Ricardo
É este um outro lado do Natal, que como diz o poeta "não podemos ignorar..." É importante que se levantem vozes que nos façam lembrar.
Um abraço com amizade

São Coelho