5 de março de 2008

" A LENDA DO LIS E DO LENA"


Nasceu o rio LIS junto a uma serra
No mesmo dia em que nasceu o LENA
Mas com muita Paixão, com muita Pena,
De seu berço não ser na mesma Terra.

Andando, andando alegres, murmurantes,
Na mesma direcção ambos corriam;
Neles bebendo, as aves chilreantes
Cantavam esse amor que ambos sentiam.

Um dia já espigados, já crescidos
Contrataram casar, de amor perdidos
Num Domingo, em LEIRIA de mansinho...

Mas LENA, assim a modo envergonhada
Do povo, foi casar enfeitada
Com o LIS mais abaixo um bocadinho.

JOSÉ MARQUES DA CRUZ
1888-1958

2 comentários:

Helena disse...

Olá M.da Cruz:

Fiquei muito emocionada ao ler a sua mensagem no nosso «blogue» pois, trouxe ao meu espírito um sem número de recordações, que me são muito gratas...
Em primeiro lugar sempre achei este poema da «lenda do Lis e do Lena» uma maravilha!
Depois recordo um periodo da minha vida em que todos os domingos frequentava, com o meu marido e um grupo muito íntimo de amigos o « café Colipo », que existia onde é hoje a loja Ponto Negro!...( mais ao menos a meio da Av Heróis de Angola)...
Acontece que nesse café existia , em grande plano, um painel maravilhoso que ilustrava com muito «engenho e arte» o respectivo soneto...Este painel deslumbrava-me pois achava a sua representação genial!...Levei muitas horas a observar os peixinhos no rio, as avezinhas sobre o mesmo e o abraço « ad eternum» do Lis e do Lena...As lindas cores, o romantismo que se desprendia do painel,a perfeita ligação com o belo soneto tudo me encantava!...Nessa altura eu nem sequer conhecia o autor do quadro!...Apenas sabia o seu nome «Augusto Mota»...Mas, os tempos mudam e vim a ser colega, na mesma Escola,Domingos Sequeira, deste talentoso artista...Nunca lhe disse, por acanhamento, quanto admirava a sua obra...Eis chegado o momento pois, o destino assim o quis!...E a propósito, M da Cruz da sua mensagem no nosso «blogue» aconteceu que todos estes pensamentos surgiram de um passado já tão longinquo mas que foi tão real,tão suave, tão doce e, que afinal ainda está tão vivo no meu ser!...
Soube também pelo autor do projecto que na hora da mudança de lojas o «maravilhoso painel» se danificou!... Nem dá para acreditar numa monstruosidade destas...É absolutamente inacreditável que possam acontecer estas desgraças e se percam obras de tanto valor na nossa cidade!...Eu, assim como os frequentadores desse café, relembramos com saudade e lamentamos muito vivamente.
Resta-nos passar numa vivenda da Cruz d'Areia e olhar o painel( cujo desenho é de Augusto Mota,mas não o painel) que figura numa das suas paredes e nos traz à memória o poema lindíssimo,adorável do «Rio lis e Lena» do grande poeta leiriense «Marques da Cruz».
E...foram todas estas memórias que me ocorreram com a leitura do sua mensagem, que transcrevia o famoso poema!
Que me perdoem se alterei alguma coisa à verdade dos factos.
Um grande abraço ao meu colega Mota, que me facultou esta publicação e à M da Cruz que a motivou...
Um grande abraço
colega e amiga
lena monteiro serrador

Anónimo disse...

Também adorei reler este poema. E o painel é o máximo

Bjs

MJG